domingo, 29 de julho de 2012

Conheçam Deus: dona de sex shop e Criadora do Universo

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por Olivia de Souza   
Seg, 23 de Julho de 2012 14:43

“Olá, meu nome é Deus. Criadora do universo e tal… Eterna, onisciente, onipresente… Putz, adoro passar hidrantante”. Deus é amante de futebol, luta boxe, frequenta shows de rock’n'roll e usa camisetas de bandas punks feministas como Slits, X-Rey Spex e Bulimia. Sobretudo, Deus é mulher, negra, dona de um senhor black power, tem um namorado cuca fresca chamado Carlos, é dona de uma sex shop e adora comer pastel de camarão tomando chope com o Diabo, por quem morre de tesão.

Bastante interessada nas frivolidades da vida – sobretudo em sexo e suas variações –, a personagem se opõe à figura do Deus ocidental de barbas compridas, severo e soberano, e é fruto da mente do quadrinista paulista Rafael Campos Rocha, que acaba de lançar a HQ Deus, essa gostosa (Companhia das Letras). Nela, acompanhamos sete dias na vida da Criadora: o café da manhã ao lado do namorado, a ida à caçada anual aos gnus na África, a visita à cartomante, ou ainda passatempos como assistir ao jogo de futebol do Barcelona com o amigo íntimo Karl Marx. Aliás, Deus é fã do craque Lionel Messi.

Com capa de Rafael Coutinho – autor de Cachalote, outro destaque dos quadrinhos nacionais de 2010 –, a HQ é uma crítica bem humorada à repressão sexual, ao machismo e ao preconceito que cercam o universo das religiões monoteístas da cultura ocidental. “Tem duas coisas que me levam a criar: falar de alguma coisa que gosto e de alguma coisa que detesto. Toda vez que fico irritado com alguma coisa, sento no computador e procuro fazer um deboche dela”, afirmou Rafael Campos, em entrevista à Continente.

Oriundo das artes plásticas, demorou para que o paulista redescobrisse o amor pelos quadrinhos de infância, o que aconteceu aos 37 anos, durante sua morada em Barcelona. E foi graças à internet, circulando por uma lista seleta de e-mails, que a personagem se popularizou, bem como outros personagens e séries, como Gaysus, O Poder do Pensamento Negativo, Curvman, O Chefe, entre outros. Depois de passar por publicações como a revista Piauí, Deus, hoje, também dá as caras pela Folha de S. Paulo, que tem Rafael como um dos principais ilustradores da casa, sobretudo no caderno Ilustríssima. Amém!



Como surgiu a ideia de criar Deus, e por que uma mulher, negra, sexual, gostosa, com costumes tão próximos dos seres humanos?

Ela surgiu em uma série dentro da minha extinta publicação digital O Poder do Pensamento Negativo – Como destruir a sua vida e das pessoas que você ama em duas lições, que eu distribuía por e-mail. A publicação foi substituída justamente por Deus, essa gostosa que ainda envio para quem pede pra receber. A série chamava Tetralogia Cruciforme e era baseada em apócrifos da trajetória do Cristo. Os apócrifos são muito divertidos e debochados e tem a clara intenção de esculhambar a doutrina cristã. Eu adoro esculhambação de gente que se dá ares e que acha que detém a Verdade, e quis criar um Deus que fosse oposto ao Deus monoteísta civilizatório. Então, onde Ele é masculino, solar, militar, moralista, dogmático, nacionalista, racista e prepotente, meu personagem é feminino, noturno, conciliador, sexual, relaxada, internacionalista, multicultural e mundana. As pessoas que amo são assim, e foi pra elas que fiz meu personagem.

Falar sobre religião sempre envolve muita polêmica e você também fez isso com outro personagem seu, o Gaysus. Como é a recepção do público, ainda mais agora com o lançamento do livro, o que faz com que mais pessoas conheçam o teu trabalho?

As pessoas detestavam mais quando era uma publicação independente. Por mais que as pessoas se digam tementes e amantes de Deus, amam ainda mais grandes empresas e sua aura de sucesso. Trabalhar em um grande jornal e publicar por uma grande editora diminuiu as críticas dirigidas à minha pessoa. Vez por outra meu editor da Folha recebe uma carta indignada (algumas são deliciosas e estão guardadas com carinho). Claro que ainda recebo e-mails ameaçadores, mas a internet é um lugar propício para florescer o ódio e realmente são poucos os que me chateiam. De qualquer forma, acho divertido irritar um nacionalista (esse racista acovardado) e saber que estraguei um pouco o seu almoço. E essa informação que muito me alegra eu só obtenho quando ele se dá ao trabalho de me mandar um e-mail me xingando.

Você usou alguma referência do teu mundo pra compor o universo de Deus? Como por exemplo, a escolha das bandas que estampam as camisetas que a personagem usa ao longo do livro ou até mesmo o pastelzinho de camarão que ela come com o Diabo no boteco?

Olha, é a minha vida, ali. Coisas que eu ouço estão nas camisetas, meu boteco de esquina é o boteco dela. Nos últimos anos ouvi muito o punk rock feminino. Gosto muito desse deboche da autoridade e de seu feminismo explosivo. O rock das moças do Slits, por exemplo, assim como o punk em geral, fazem uma coisa que acho muito importante também, questionar a tal “qualidade artística”, essa régua eurocêntrica da cagação de regra. E o punk feminino faz isso sem perder o bom humor e a leveza. Na verdade, às vezes penso que Deus sou eu, se eu fosse um ser humano melhor. Ou seja, uma negona gostosa e descontraída. Ela curte as mesmas coisas que eu – o pastelzinho de camarão é uma iguaria de um boteco aqui da esquina, que aliás, é o boteco que desenhei na história – comer animais mortos, beber sem restrições, jogar conversa fora… bom, todo mundo gosta disso.



Recentemente você lançou em seu blog alguns quadrinhos bastante críticos sobre Deus na Flip. O que você acha desses encontros e qual a tua opinião sobre essa aproximação que hoje cada vez mais pessoas fazem entre o quadrinho e a literatura?

Cara, sou um leitor das duas coisas, de Literatura e Quadrinhos. E amo o Paul Celan como amo o Hugo Pratt. Acho que para quem consome arte sem um interesse (ascender socialmente, parecer mais inteligente, impressionar alguém do sexo oposto) essas questões são irrelevantes. Aliás, detesto essa coisa de Literatura com maiúsculo, assim como detesto Arte com maiúsculo. Prefiro a arte minúscula do Mark Manders e os textos minúsculos do Robert Walser. Nunca fui à Flip e não sou um frequentador de lugares de Cultura, principalmente porque nesses lugares a Cultura é assim, com maiúscula. Sei lá, também acho um mundo muito duro esse, da Cultura e da Arte. Uma coisa muito burguesa e dura, de sorrisos para uns e cara virada para outros. Credo.

O que te fez despertar para o universo dos quadrinhos e o que te inspira a criar?

Comecei a ler quadrinhos criança, como todo mundo. E parei por muitos anos produzindo e estudando artes plásticas. Voltei aos 37 anos, morando em Barcelona. Foi também uma forma de aprender a língua. Mas o que fez mesmo foi me apaixonar por quadrinhos mais uma vez. Um velho amor reencontrado. Com relação ao que me leva a criar, tem duas coisas que me fazem criar: falar de alguma coisa que gosto e de alguma coisa que detesto. Toda vez que fico irritado com alguma coisa, sento no computador e procuro fazer um deboche dela. Me irrita o nacionalismo esportivo e faço uma tira falando mal da Copa do Mundo. Por outro lado, assisto um jogo do Barcelona e faço uma homenagem ao Messi. Assim com crocodilos (que adoro) e a OTAN (que desprezo). Acho que é isso.

Quais artistas das HQs são suas principais referências?

George Herriman e a geração do começo do século passado, Moebius e a turma de Metal Hurlant, Crumb e a turma da Zap, Cristophe Blain e esse novo quadrinho francês. Também adoro Roy Crane e as primeiras histórias de aventura dos anos 30, Batman e as bizarrices da “golden age” dos super-heróis. Os quadrinhos eróticos dos anos 60 como Pravda e Valentina e a geração de Pazienza da Frigidaire. Putz, eu me influencio pelo que estou lendo na hora e incorporo quase imediatamente alguma coisa ao meu trabalho. Passo dois dias folheando Tales from the Crypt, da EC Comics, e já imito desajeitadamente a forma do Kurtzman tracejar, os ângulos usados nas histórias… sou muito volúvel em arte. Foi passar um mês com Valentina, que nem sou tão fã, para abandonar os quadrinhos traçados regularmente nas tiras por uma diagramação mais livre.

Já tem em mente lançar outras histórias em livro, como “O Poder do Pensamento Negativo” ou uma compilação de outros personagens seus?

Menina, me perguntaram isso há pouco tempo e eu disse que não, porque estava irritado com esse pessimismo direitista que está na moda no colunismo brasileiro. Sem falar na praga do humor “politicamente incorreto”, que consiste em um bando de boçal SEM GRAÇA revitalizando piada racista, nacionalista, machista e essas merdas. E achei que o termo “pensamento negativo” podia me identificar com essa escumalha. Mas, como é um projeto acabado, acho que vou reconsiderar. São umas 100 tirinhas que dariam um livrinho razoável. A ver.

* Texto originalmente publicado para o site da revista Continente

Canibal Brasil: Rock n Roll (Salvador-Bahia)

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Release:

CANIBAL BRASIL uma banda que no se encaixa em nenhuma das denominações que rotulam um estilo. Seu mentor intelectual e filosófico Guga, admite estar mais para Hard Rock, porem costuma defender o Que d na telha rock ou Canibalrock batizado por seus fs e seguidores. Guga o rocker tropicalista que tem postura e atitude de irreverência inteligente, discurso atualizado, ao rápida, eficiente e eficaz, questionador polemico que enfatiza direitos humanos, incluso social, descentralizado de poder, consciência e fundamentação
das oportunidades.
Discursa com ironia assuntos sérios de relevância urgente. Politizado, sem compromissos com políticos ou grupos. Chutando o balde, soltando o verbo, quebrando o gelo e dando a cara pra bater sem medo de correr riscos, frequentemente citado por críticos especializados e espontâneos, como o Raul Seixas do novo milênio. Com voz potente e singular o cidadão do mundo Guga Canibal sugere através da CANIBAL BRASIL uma overdose sonora.
A banda tem qualidade técnica, personalidade, estilo, coragem e carisma. O liquido precioso que transborda com enormes sobras desse caldeiro rocker efervescente o salário desses guerreiros que perseguem o triunfo. Estamos diante de uma banda que mesmo com suas influencias (afinal quem no as tem?), no mínimo diferente ao esbanjar competência, textos arrojados e rock, muito rock, onde é evidente a liberdade na execução de belíssimos improvisos e nuances de puro feeling.
OS ROCKEIROS DE SAIA na exuberância da performance musical e o mizansceine exótico de palco, nos faz refletir a respeito do nosso papel responsável através de letras inteligentes e muito bem elaboradas, com enorme preocupação social, política, cultural e comportamental. A melhor banda de rock do continente (vale salientar que continente como Guga batizou o apartamento alugado onde reside), destaca noções éticas e valores sem dogmas, podacões e preconceitos.
A CANIBAL BRASIL surgiu no dia mundial do rock/2005 em um show no antigo Teatro da Praia e não se encaixa em nenhuma das denominações que batizam um estilo. Mesclando Hard Rock, Heavy Metal, Grunge, Punk 80 e elementos diversos, a tônica é irreverência e postura inteligente em letras polêmicas que exigem reflexão. A CANIBAL BRASIL É BRUTAL HARD SHOCK ROCK Rockeiros de kilts, coturnos, paletós e gravatas exibem uma performance singular e executam um panche groovado com guitarras em distorções pesadas.
O vocalista Guga Canibal também é produtor da banda e um dos ícones do rock baiano, acumulando vários prêmios, entre eles ?Melhor vocalista?, ?Melhor performance? e ?Músico destaque? do Palco do Rock nas versões 2007/2008. A overdose sonora da Canibal Brasil acumula shows e inúmeros fãs e admiradores destacando-se por sua diversidade e simpatia de outros públicos. Alguns dos principais shows: Canibal+Dead Fish no Rock in Rio Café em 2006 Canibal+Glória (SP), com One Day (Argentina)
Canibal+Nx Zero, Canibal+Fresno e uma apresentação memorável com a lendária Garotos Podres, além de vários shows com bandas locais desde o as sextas do Zanzibar ao Rock in Rio. Após a marca de mais de 300 piratas e vários downloads, finalmente chega ao mercado pela Canibal Records o 1° CD ?O Vôo da fênix?.
Banda: Canibal Brasil

Origem: Salvador\Bahia

Gênero: Rock n Roll

Formação:

Guga Canibal (voz)
Lôro Canibal (guitarra)
 Pekeno Canibal (guirarra)
BB Groove (bateria)
Vinny (baixo)

Links:

Desabafo: Tá Osso Rock em Salvador

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Algumas casas de shows estão cobrando entre 500 à 1000 pau pra sua banda tocar! Outras estão cobrando bem MAIS!!! O que é isso, bicho? O espírito rock and roll ta comendo poeira em pleno Séc XXI, mesmo? 
É até entendível porque "a coisa" foi ficando assim, porém creio que , por vezes, os "braços poderiam torcer". Tem banda mostrando trabalho de verdade, se profissionalizando, dando a cara a tapa, e dando duro, pra uma arte que pra uns... é passageira e pra outras duram mais. 
ROCK NAS RUAS - A solução é voltar pra moda "Faça você mesmo" ou temos que mostrar que aqui não tem bundão? Há bandas que vem conquistando público, que levam o lucro para as casa, claro que não se comparam com os das grandes bandas de surgiram aqui em Salvador, contudo, que vem andando certo, batendo o martelo no prego e levando qualidade pras casas de rock, pro público, pra cidade, enfim.
"Estrelismos", "Falta de profissionalismo e respeito com os músicos", "Falta de caráter", "Sujeira" e "Bagunça", erros desse rock underground.
Mas pra fazer rock, e pra poder levar isso para o público, com a qualidade que você vem lutando pra ter, precisar de pagar... ta OSSO!

Texto: Matheus Carmo


Rock Baiano: História de uma Cultura Subterrânea

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O novo rock abriu espaço para o surgimento de uma categoria profissional que por sua vez, se esforçou para confirmar a seriedade da música pop: o crítico de rock. Não por acaso, o livro de Ednilson Sacramento contando parte da história do rock baiano é uma das confirmações que devemos continuar essa jornada. Leia a seguir um trecho do livro e faça o download do E-Book completo logo mais a baixo!
“A obra de Raul Seixas é única no mundo inteiro. A qualquer tempo, ele sempre estará atual. É o que nos faltava para compreendermos aquilo que não compreendíamos”.
Sylvio Passos, Raul Rock Club/SP Com dezenas de estudos honrosos acerca de sua obra e vida, o nome Raul Seixas não aparece aqui com o destaque à altura do seu legado, apenasaludimos uma abordagem limitada. Não é exaustivo afirmar que o papel do artista extrapola os limites físicos e palpáveis que lhe imputam. Não é muito dizer que o seu trabalho possui vários níveis de compreensão, mas a compressão de seus pensamentos pode ter sido utilizada por muitos para minimizar a profundidade da sua música - tornando-o multiinterpretável ou ignorado. Um pouco antes de sua morte, Raul Seixas comentava no programa “Ensaio Geral”, espaço memorável da Educadora FM, acerca do quase total desconhecimento da sua obra. Dizia Dom Raulzito: “Antes achavam que eu era paulista e não baiano, justamente por nunca ter pertencido ao grupo baiano, e a música era muito voltada para o ser humano, Inclusive, no disco “A Pedra do Gênesis” tem uma música que diz bem isso - A Lei _ ela promulga uma coisa que eu li no palco durante onze anos, a lei do homem, todo homem tem o direito de pensar o que quiser, de amar como quiser...”. Raul sempre sincronizou sua obra aos descaminhos e inquietudes de toda a existência; foi criatura e criador de questionamentos incessantes". Falar de Dom Raulzito é repetir o anseio de negação e recusa das amarras do homem moderno. Raul não foi contra tudo e contra todos. Foi a favor do homem. Que mais podemos querer desse poeta? Raul incluiu num de
seus últimos discos - “A Pedra do Gênesis”, de 1988 - uma canção do compositor Zé do Norte chamada “Lua Bonita”. Não tendo o costume de gravar músicas de outros compositores, o cantor foi feliz em inserir “Lua Bonita” e, num certo momento, comentava: “Essa música eu cantava ao vivo no Tereza Raquel, quando fazia a temporada de 73 e lançava “Ouro de Tolo”. Um dia, ele foi assistir ao show e não o deixaram entrar. Ele não tinha dinheiro para pagar o ingresso. Eu mandei ele entrar, ficou no camarim comigo e foi muito bacana ter conhecido Zé do Norte. A Pedra do Gênesis é meio místico e a lua sempre foi uma entidade mística: significa mulher, o oposto do sol, que é o homem. “Lua Bonita”, Zé do Norte fez quando tinha 14 anos de idade, em homenagem à lua porque ele se apaixonou por ela.

A história do Black Metal, parte 2 de 3. O Trio INFERNAL!

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É com muito prazer que dou continuidade a este post que aborda esta vertente do metal que por tantos anos esteve presente em meus momentos metálicos. Vamos dissecar um pouco mais dos primórdios do estilo dando ênfase as 3 grandes bandas: Venom, Celtic Frost e Bathory, que moldaram sua forma e plantaram sementes pra enúmeras interpretações e aprimoramentos que aconteceriam futuramente na década de 90. O Black Metal carregou, e talvez ainda carregue, o espírito que o Metal em geral trazia consigo nos anos 80 de ser underground, não tinha espaço na MTV e nas rádios, aqui no Brasil por exemplo, mesmo a Fluminense FM do Rio, grande divulgadora do Rock e Metal em terras tupiniquins em seu programa de 1 hora aos domingos chamado "Guitarras", especializado em Heavy Metal, raramente tocava algo. Então vamos as bandas:




Venom surgiu em Newcastle, Inglaterra sob o nome de Guillotine e tinha como seu fundador Jeff Dunn, futuramente conhecido como Mantas Numa conversa sobre os rumos da banda, Jeff ouviu de Conrad Lant, futuro Cronos, suas aspirações e intenções que eram definitivamente montar uma banda de Metal Satânico, Jeff acreditou na idéia e seguiram adiante. Apesar de intensamente influenciados por Black Sabbath, havia uma revolta de Cronos com sua postura, em sua concepção, de nada adiantava se inspirar em um filme da Hammer, o Black Sabbath de Boris Karloff, e no final da música cantar: "Oh no please God help me!", eles queriam ir muito além do Sabbath e, na verdade, representar o lado negro, em vez de serem as vítimas do terror, propor o terror! O que, foi uma sacada única para a época! O Venom foi o responsável por todas as bandas futuras que abordariam críticas religiosas em suas letras. A banda não participava de nenhuma cena

metal, ou grupo, ou roda de amigos, como foi o caso do thrash, que de uma galera surgiram várias bandas, eles eram renegados e sozinhos, os shows não eram agendados se o local não provesse o cenário adequado para o teatro produzido pelos fogos de artifício, planos de fundo etc... Tudo deveria estar de acordo com sua proposta. E foram estas, dentre outras diversas peculiaridades que fizeram do Venom, único, um marco na história do Metal. Seus 4 primeiros álbums são os relevantes e apesar do WELCOME TO HELL ter sido o primeiro, os divisores de águas foram o BLACK METAL e AT WAR WITH SATAN. Algo a se enfatizar é que, apesar de ter lido a "Satanic Bible" de Anton LaVey, nenhum deles participava de nenhum grupo, seita ou algo parecido, no âmago de suas existências, os 3 eram "Easy Riders" como qualquer outro rocker, apenas com uma proposta mais audaciosa. Na minha opinião o Venom durou o período em que a clássica formação existiu com Cronos no Baixo/Vocal, Mantas na Guitarra e Abaddon na Bateria, quando Mantas saiu logo após as gravações do Possessed, em 1987, a banda desandou, foi justamente neste período que eles estiveram no Brasil tocando com o Exciter.

Álbums de estúdio e EPs: 
1981 - Welcome to Hell, 1982 - Black Metal, 1983 - At War with Satan, 1985 - Possessed, 1987 - Calm Before the Storm, 1989 - Prime Evil, 1990 - Tear Your Soul Apart, 1991 - Temples of Ice, 1992 - The Waste Lands, 1996 - Venom '96, 1997 - Cast in Stone, 2000 - Resurrection, 2006 - Metal Black e 2008 - Hell.

Vamos falar dos relevantes:

BLACK METAL - Lançado em 1982, é simplesmente a pedra fundamental do estilo. A porta é arrombada com a música título do álbum que já teve sua cover com Cradle of Filth, Alchemist, Hipocrisy, Mayhem, Dimmu Borgir, Vader dentre tantas outras, que compõe a lista dos highlights do play pra mim, além desta destaco Buried Alive, com seu clima obscuro e pesado, "Leave me in hell" e "Countess Bathory", esta última também já foi gravada e tocada ao vivo por enúmeras bandas.

TRACKLIST
Lado A ("Black")

1."Black Metal"
2."To Hell and Back"
3."Buried Alive"
4."Raise the Dead"
5."Teachers' Pet"

Lado B ("Metal")
6."Leave Me in Hell"
7."Sacrifice"
8."Heaven's on Fire"
9."Countess Bathory"
10."Don't Burn the Witch"
11."At War with Satan (preview)"

AT WAR WITH SATAN (1984) - Este pra mim é o GRANDE ÁLBUM DE BLACK METAL DE TODOS OS TEMPOS, com uma inspiração sem precedentes e audácia inimaginável a banda já se reinventava no seu 3º disco. Inspirados no magnífico 2112 do Rush, comporam a épica música título tomando todo o primeiro lado do álbum durando um total de 20 minutos. A música é um Black Metal progressivo, algo raro no gênero, a letra fala de uma suposta vingança de Satã e seus Demônios contra os céus e digo em alto e bom som, daria um grande filme de terror! No seu decorrer a música sofre diversas variações, e nada, nenhuma banda do estilo em nenhuma fase ou lugar nenhum do mundo conseguiu conceber algo tão "horrivelmente belo" como esta canção.

"Lucifer's demonic laughter Assist our quest, Belial prays free from Hell who serves the master Sound the charge on Sabbaths day."

Charge!

(Que fique mais uma vez registrado, não sou satanista ou qualquer "ista" da vida, abomino rótulos, mas sei apreciar as diversas formas de arte independente de onde elas partirem ou se basearem)

O lado B, retirando a cult "Arghhhh" que é uma grande palhaçada de estúdio e poderia muito bem não existir, todas as músicas são matadoras.


TRACKLIST
Lado A
1."At War with Satan"

Lado B
2."Rip Ride"
3."Genocide"
4."Cry Wolf"
5."Stand Up (And Be Counted)"
6."Women, Leather and Hell"
7."Aaaaaaarrghh"

SINGLES 80-86 - Este álbum possue alguns sons monumentais e importantíssimos para o Black Metal que não saíram em ábums de estúdio. Uma coisa interessante e peculiar do Venom era que eles gravavam músicas inéditas em seus singles. Aqui as minhas favoritas são "Bloodlust", "In Nomine Satanas", "Warhead" e "Seven Gates of Hell".

" Unveiled in death to the sinner
Written in the ancient book of lies
Hear the demons call fromthe crimson waterfall
As the blood rained from the skies "


TRACKLIST
1.In League With Satan
2.Live Like an Angel
3.Bloodlust
4.In Nomine Satanas
5.Die Hard
6.Acid Queen
7.Bursting Out
8.Warhead
9.Lady Lust
10.Seven Gates of Hell
11.Manitou
12.Dead of the Night


Diversas coisas relevantes podemos falar sobre esta banda, uma delas foi que seu vocal seria o grande influenciador das bandas européias nos anos 90, foram os pioneiros do Viking Metal dentre outras coisas...

Podemos concluir também que, sob um olhar analítico bandas como Burzum, Emperor e Immortal, grandes bandas dos anos 90, possuem uma audição mais próxima ao Bathory de UNDER THE SIGN OF THE BLACK MARK que o próprio Venom.
Formados em Estocolmo, Suécia a banda tem uma história sólida e influente no estilo, Quorton, o fundador, tinha apenas 17 anos na época, as primeiras gravações da banda, que antes de se firmarem sofreram diversas modificações no staff, foram 2 músicas para a compilação Scandinavian Metal Attack, que eram "Sacrifice" e "The Return of Darkness and Evil", que futuramente sairiam no álbum BATHORY e no THE RETURN respectivamente. O que sempre se repete em sites e biografias sobre a banda espalhadas pela internet é que, apesar de sabermos que o Venom inventou o estilo, Quorton afirma que nunca comprou nenhum disco do Venom e que havia ouvido apenas algumas músicas, disse ainda que não conhecia o Venom quando das gravações do primeiro disco. Discóridas a parte, podemos dizer que o Bathory só perde no quesito "timing" pois sua sonoridade é bem diferente do Venom e isto é algo muito interessante de se salientar, pois, embora em frações de tempos diferentes, mas mínimas, as três primeiras grandes bandas de Black Metal soam bem diferentes umas das outras. A carreira do Bathory se divide em 3 fases, a primeira composta dos 3 primeiros discos é puramente black metal, com letras obscuras e ritmo tosco e violento, o 4º álbum, o melhor da banda, BLOOD FIRE DEATH, e um dos melhores do estilo, foi a fusão entre o Black Metal e o Viking, os 2 seguintes, HAMMERHEAT e TWILIGHT OF THE GODS, foram 100% viking, uma mudança drástica no estilo, apesar de ter assustado os fãs acabou caindo nas graças e agradou tando os black metallers quanto outros headbangers que não curtiam o estilo tanto assim, os 2 próximos, REQUIEM e OCTAGON, para surpresa dos fãs mais uma vez, Quorton levou a banda para algo que foi rotulado como "retro-thrash", pois sua sonoridade os remetia as bandas de thrash da bay area dos anos 80, os restantes BLOOD ON ICE, DESTROYER OF THE WORLDS e NORDLAND I e II voltaram para a temática viking. Em junho de 2004, Quorton foi encontrado morto em sua casa, aparentemente de um ataque do coração.

Discografia: (1984) Bathory, (1985) The Return of Darkness and Evil, (1987) Under the Sign of the Black Mark, (1988) Blood Fire Death, (1990) Hammerheart, (1991) Twilight of the Gods, (1994) Requiem, (1995) Octagon, (1996) Blood on Ice, (2001) Destroyer of Worlds, (2002) Nordland I e (2003) Nordland II.

Vou citar 2 que eu considero fundamentais para o Black Metal e mais importantes do Bathory nesta fase, saliento que, apesar de HAMMERHEART e TWILGHT OF THE GODS serem monumentais, estão fora do escopo do post por se tratarem de Viking Metal:



UNDER THE SIGN OF THE BLACK MARK (1987) - Podemos tranquilamente dizer que este disco compõe um dos marcos, uma das sementes do que futuramente seria o TRUE NORWEGIAN BLACK METAL, os clássicos "Woman of dark desires", "13 Candles" e "Enter the eternal fire" são eternos, a "Enter..." figura como o primeiro black metal épico e traz consigo os primeiros elementos do que, musicalmente no futuro seria o Viking Metal, ele exploraria esta atmosfera melhor nos trabalhos seguintes.

lineup:
Quorthon – Guitarra, Baixo, Sintetizadores e os Vocais
Paul Pålle Lundburg – Bateria
Christer Sandström – Baixo adicional




TRACKLIST
Lado A
1."Nocternal Obeisance (Intro)"
2."Massacre"
3."Woman of Dark Desires"
4."Call from the Grave"
5."Equimanthorn"

Lado B
6."Enter the Eternal Fire"
7."Chariots of Fire"
8."13 Candles"
9."Of Doom"
10."(Outro)"

BLOOD FIRE DEATH (1988) - Quarto álbum da banda, em "For all those who died", Quorton presenteou o mundo headbanger com um grande clássico do Black Metal, sua pegada cadenciada juntamente com as letras e guitarras eletrizantes nos proporcionam momentos eternos,

"Burning naked but smiling
Not full of fear but pride
Knowing death alone could cleanse them
Of the reasons for which they all die"


"Dies Irae", é algo como uma aula de Black Metal europeu, todo o estilo e essência com os quais o estilo foi delineado durante anos está concentrado em 5m11s de uma porrada devastadora. Algo interessante desta música é o intencional acróstico formado pelas primeiras letras de suas frases formando: "CHRIST THE BASTART SON OF HEAVEN". Há de se salientar que a Bíblia Sagrada do Viking Metal foi escrita na música título do álbum, tudo que caracteriza o estilo está concentrado nela.

lineup:
Quorthon - Vocais, Guitarra
Vvornth - Bateria
Kothaar - Bass


TRACKLIST

Lado A 
1."Odens Ride over Nordland"
2."A Fine Day to Die"
3."The Golden Walls of Heaven"
4."Pace 'till Death"
5."Holocaust"
Lado B
6."For All Those Who Died"
7."Dies Irae"
8."Blood Fire Death"
9."Outro"



É bem complicado falar desta banda, pois seu líder é uma pessoa, eu diria, bem controversa, e a mudança de estilo impensável, ridícula e absurda que a banda sofreu após as gravações do TO MEGA THERION em 1985 quase conseguiram apagar a imagem de vanguardistas e precursores do estilo. A dificuldade é lidar com um material pesado e underground que é o início da carreira do Celtic e algo pop, insosso e digno de chacota na linha de lixos como Poison e companhia. Eu procuro pensar que a banda acabou em 1985, finjo que o resto não existe, pra não deixar que a fase ruim manche o excelente trabalho deles em sua melhor fase, portanto leitores, sempre que eu me referir ao Celtic é o Celtic até 1985 OK?


Hellhammer e Celtic são quase a mesma banda, mas com propostas sensívelmente diferentes, tudo começou com a primeira em 1982 na Suíça, formada por Thomas Gabriel, 3 demos foram lançadas em 1983: DEATH FIEND, TRIUMPH OF DEATH e SATANIC RITES, que foram enviadas para enúmeros fanzines pela Europa, nestas demos já era nítida a proposta vanguardista da banda. A verdade é, Tom Gabriel tentou por diversas vezes renegar o Hellhammer, mas como uma maldição ele sempre esteve presente, e foram os próprios fãs de Black Metal que mantiveram a chama do HH viva. O E.P. APOCALYPTIC RAIDS, seu único registro, é considerado uma obra cult e mais uma das sementes do Black Metal, com apenas 4 músicas eles soavam diferentes tanto do Venom, uma de suas influências, e do Bathory. Em 1984 eles finalizam os trabalhos do HH e fundam o Celtic Frost com praticamente a mesma formação que era Tom Gabriel nos vocais e guitarra, Martin E. Ain no baixo e Stephen Priestly na batera. Neste momento que surgiram 2 grandes tótens do Black Metal: MORBID TALES e TO MEGA THERION, são estes 2 álbums que fazem do Celtic pra mim algo único, incomparável e imortal pois o que é cantado e tocado aqui, ninguém nem antes ou depois conseguiu fazer semelhante, Darkthrone e Satyricon tentaram, quase que plagiando fazer igual, mas passaram longe...

Discografia: 1984 - Morbid Tales, 1985 - To Mega Therion, 1987 - Into the Pandemonium, 1988 - Cold Lake, 1990 - Vanity/Nemesis e2006 - Monotheist. 





MORBID TALES (1984) -Impecável em todos os sentidos, sem a abordagem satânica do Venom e do início do Bathory, Celtic nos apresenta um conteúdo lírico voltado para a misantropia, tema que seria extensivamente explorado pelo Black Metal europeu nos anos 90, assuntos obscuros e um pouco do cenário "Conan", não diria Viking. Não consigo destacar nada aqui, acho o play perfeito e figura juntamente com o próximo as pedras fundamentais do estilo.

TRACKLIST


Lado A
1."Into the Crypts of Rays"
2."Visions of Mortality"
3."Dethroned Emperor"
4."Morbid Tales"

Lado B
5."Procreation (Of the Wicked)" 
6."Return to the Eve"
7."Danse Macabre"
8."Nocturnal Fear"

TO MEGA THERION (1985) - Grande clássico que, mesmo com uma produção muito melhor traz, agregado ao seu som a morbidez com a qual a banda ficou conhecida no meio. Os vocais de Tom estão arrebatadores nestes discos, mas principalmente neste, os riffs macabros e sombrios trabalhando em conjunto com as letras para dar o clima apocalíptico em que a belíssima capa desenvolvida por ninguém menos que H.R. GIGER, aquele que concebeu o Alien, propõe, simplesmente indispensável. Quase impossível destacar uma, quase porque, "Necromantical Screams" rouba a cena pra mim, mas todo o disco é perfeito.

TRACKLIST

Lado A
1."Innocence and Wrath"
2."The Usurper"
3."Jewel Throne"
4."Dawn of Meggido"
5."Eternal Summer"

Lado B
6."Circle of the Tyrants"
7."(Beyond the) North Winds"
8."Fainted Eyes"
9."Tears in a Prophet's Dream"
10."Necromantical Screams"

Ufa! Desculpem meus amigos, mas prometo que quando se findar esta série eu redigirei posts mais curtos!

No próximo e derradeiro capítulo da série A HISTÓRIA DO BLACK METAL, falarei sobre o Black Metal no Brasil, a importância do Sarcófago e os discos e bandas mais importanes dos anos 90.


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